Síndico é acusado de agredir moradoras de condomínio
Um síndico está sendo acusado de agredir duas mulheres, moradoras de condomínio do bairro Gonzaguinha, na cidade de São Vicente (SP). Ele negou as acusações e garantiu que não houve agressão física.
A assembleia que terminou em tumulto ocorreu no último sábado, dia 23 de março. A reunião para apresentação de contas acabou virando confusão após questionamento dos moradores.
Segundo relatos dos moradores ao G1, a situação começou a se deteriorar quando surgiram dúvidas sobre documentos apresentados pelo durante a assembleia.
Duas moradoras relataram ter sido agredidas pelo síndico e o caso foi parar na Polícia Civil, que investiga o caso.
A confusão durante assembleia
A assembleia do Condomínio Golfinho, localizado no bairro Gonzaguinha, ocorreu na Associação Comercial de São Vicente, cidade localizada no litoral Paulista.
Ela foi convocada para apresentação da prestação de contas anual e para a eleição de uma nova mesa diretora para o condomínio.
Tudo transcorria normalmente até os moradores questionarem os documentos apresentados pelo síndico Eduardo Oliveira.
“Ele não presta contas e questionamos na reunião. O síndico deu um tapão na mão de uma delas sem justificativa, e fugiu”, contou um morador.
Solange Coelho Garcia, de 70 anos, descreveu o momento em que pediu para examinar os documentos. Segundo ela, após a solicitação, ela passou a ser confrontada pelo síndico, que se recusou a entregá-los e acabou arremessando a pasta com força em sua direção.
"Como uma pessoa de 70 anos, fiquei chocada com a atitude dele", disse Solange, destacando que o incidente desencadeou uma confusão que resultou na intervenção da Polícia Militar. "Ele empurrou outra moradora contra a parede e agrediu outra jovem", acrescentou.
Luiz César Marques Pereira, de 30 anos, testemunhou as agressões e afirmou que os moradores foram as verdadeiras vítimas da situação. "Não houve vítimas entre os apoiadores do síndico, apenas entre os moradores", afirmou.
Tanto Luiz quanto Solange relataram que um idoso também foi ferido durante o tumulto. "Todos foram agredidos por ele, pois ele é muito grande e intimidador", explicou Luiz.
Confusão em assembleia de 2011
Os moradores também destacaram que este não é o primeiro incidente envolvendo agressões por parte do síndico. Um episódio anterior, por volta de 2011, envolveu acusações de desvio de fundos do condomínio, levando a mais confrontos durante uma reunião.
"Fiquei toda marcada porque lutei para manter os documentos comigo enquanto ele tentava tirá-los à força", relembrou Solange.
Em contato com o G1, o síndico afirmou que atua na função há 14 anos e não houve decisão judicial para que fossem devolvidos valores referentes ao exercício em 2011.
“Se eu tivesse qualquer tipo de problema ou tivesse qualquer medida judicial, eu teria que ter devolvido algum dinheiro. Minhas contas todas foram aprovadas e anualmente nós temos a assembleia”, esclareceu ao G1.
A defesa do síndico
Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Globo na Baixada Santista, Eduardo garantiu que não houve qualquer tipo de agressão física:
“Eu represento mais do que 60% das unidades do prédio e eles [moradores] quiseram fazer um motim desde o início, antes de começar a reunião. Depois que acabou a reunião, eu tentei sair, fecharam a porta e começou um empurra-empurra. Nada mais do que isso”, disse durante a entrevista.
Em sua defesa, Eduardo disse que os moradores queriam “fazer um motim” para ganhar a eleição e acabaram tumultuando a assembleia do início ao fim, inclusive com provocações.
“Quando encerrou a assembleia, ela tentou tomar alguns documentos da minha mão. Eu só puxei, e ela falou que eu a agredi. Quando eu tentei sair, começou aquele empurra-empurra, fecharam a porta”, disse Eduardo ao Metrópoles.
O ex-vereador afirmou ainda que registrou queixa na delegacia e que, durante o tumulto, seu pai levou um soco.
Ex-vereador cassado
Ainda conforme apurado pela reportagem do G1, Eduardo foi vereador pelo município de São Vicente.
Ele teve seu mandato cassado em 2023 após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que entendeu que o Partido Social Liberal (PSL) fraudou as cotas de gênero na eleição de 2020.
Na decisão, o Tribunal entendeu que o partido usou candidatas "laranja", que seriam apenas para compor a quantidade necessária na chapa e que não estariam participando efetivamente do pleito.
Polícia acompanha o caso
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que policiais militares foram acionados para atender a ocorrência.
“No local, foi constatado que as partes estavam em uma assembleia, em um edifício, quando houve uma discussão entre o síndico e alguns moradores”, disse a pasta.
A Polícia Militar encaminhou os envolvidos para a Delegacia de São Vicente, onde o caso foi registrado como ameaça e lesão corporal.
A Polícia segue investigando o caso.
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