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Moradores relatam “alívio” após prisão de vizinho de condomínio

Os moradores de um condomínio de Ribeirão Preto/SP estão relatando “alívio” após a expulsão e a prisão de um vizinho, preso por espancar outro morador até a morte.

O crime ocorreu no final de junho no Centro da cidade, vitimando Júlio César da Silva, de 60 anos. De acordo com testemunhas, o autor da agressão foi Sérgio Salomão Fernandes, que foi preso preventivamente e segue detido.

Ambos os envolvidos são moradores do condomínio Jardim das Pedras, também em Ribeirão Preto (SP).

Os problemas no condomínio em questão, no entanto, já eram motivo de preocupação há muito tempo. A polícia era constantemente chamada ao condomínio para lidar com o autor das agressões, visto pelos demais moradores como uma pessoa antissocial e instável.

A demora no processo de expulsão, no entanto, acabou sendo determinante para o desfecho.

O assassinato no Centro da cidade

A agressão aconteceu no Centro da cidade de Ribeirão Preto, em São Paulo. De acordo com o relato de uma testemunha à Polícia Civil, Sérgio e Júlio César caminhavam pela rua Barão do Amazonas, próximo à rua Mariana Junqueira, quando a discussão começou.

A testemunha relatou que Sérgio deu um soco no rosto de Júlio César, que caiu no chão e bateu a cabeça com força na calçada. Já caído no chão, Júlio César teve o tórax pisoteado pelo agressor.

Júlio César foi socorrido mas não resistiu aos ferimentos e morreu no dia 26 de junho.

O agressor foi preso em flagrante e teve sua prisão preventiva decretada pela Justiça de São Paulo. Em sua defesa, Sérgio afirmou que havia agido em legítima defesa após ser agredido por Júlio César.

Após a prisão, a filha de Sérgio destacou que o pai tenha problemas mentais, mas que nunca aceitou receber ajuda médica.

Assista a reportagem completa:

Problema recorrente no condomínio

O condomínio Jardim das Pedras está localizado no bairro Jardim Paulista, na zona Leste de Ribeirão Preto. Com mais de 6,5 mil moradores, o condomínio é considerado um dos maiores da cidade.

Em conversa com o g1, um dos moradores mais antigos do residencial relatou que os problemas começaram em 2017.

No início, Sérgio era o “protagonista” de diversos casos de perturbação do sossego, que causavam incômodo principalmente para os moradores dos blocos B6 e A3.

Com o tempo, começaram as intimidações e ameaças. Muitas delas começaram “do nada”.

Imagens obtidas pela emissora afiliada da TV Globo na região mostram o comportamento agressivo e intimidador de Sérgio nas áreas comuns do condomínio (assista acima). 

Os vídeos mostram o homem armado com uma faca e uma marreta, intimidando pessoas nas áreas comuns do condomínio.

De acordo com o relato dos moradores do condomínio Jardim das Pedras, o autor das agressões apresentava comportamento agressivo. Ele foi descrito como uma pessoa antissocial e instável.

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Ameaças cada vez mais frequentes

Os moradores do condomínio também relataram que as importunações se transformaram em ameaças, que ficaram cada dia mais frequentes.

Em um dos vídeos, o homem marretava paredes do próprio apartamento. Segundo moradores, ele ameaçava derrubar as estruturas e explodir o imóvel utilizando um botijão de gás.

Durante as madrugadas, o homem ainda incomodava seus vizinhos com barulhos constantes.

Segundo um vizinho, Sérgio fazia ameaças constantes a idosos e crianças. Até que chegou a níveis críticos e intoleráveis.

“Ele começou interfonando para vizinhos de madrugada. [Ele] passou a ameaçar as pessoas verbalmente, depois arrumou uma marreta e começou a bater nas paredes, nos tetos e pisos, e era muito forte. Tremia o prédio inteiro, era coisa absurda. Ele foi ficando cada vez pior”, contou o advogado Paulo Alves, vizinho de Sérgio.

Demora na ação de expulsão do morador

O advogado também falou sobre a demora no processo de expulsão. Segundo ele, a administração do condomínio só tomou uma ação contra Sérgio quando a situação já havia chegado em um nível extremo.

O morador conta que uma assembleia discutiu a expulsão de Sérgio em março deste ano. A expulsão foi aprovada por unanimidade. No entanto, o advogado conta que a ação só foi ajuizada pela administração um dia antes do assassinato de Júlio César.

A decisão da Justiça que determinou a expulsão aconteceu três dias depois o crime.

“A situação já vinha se agravando com reclamações diretas, toda semana. Eu mesmo enviei e-mails para a administração, alguns boletins de ocorrência foram feitos e a polícia estava vindo aqui constantemente. O síndico tinha a obrigação de ter tomado providências em nome do condomínio há mais tempo. No mínimo, há um ano, um ano e meio antes. As coisas poderiam ter tomado um outro rumo”, finalizou o advogado.

O síndico do condomínio, Vitor Luis Lobo da Silva, afirmou que o pedido de expulsão ocorreu depois de várias tentativas de resolver a situação. 

Além da aplicação de multas e registros de boletins de ocorrência, o síndico também tentou conversar com o morador em diversas oportunidades, sem sucesso.

"Desde o início, quando esse morador começou a apresentar problemas de perturbação do sossego dos outros moradores, tentamos várias coisas. Eu mesmo, como síndico, chamei várias vezes nessa sala para repreendê-lo, lembrá-lo que ele seria notificado, que ele poderia ser multado, que estava perturbando os moradores. Não foi uma nem duas vezes, foram várias vezes", contou o síndico.

Em entrevista ao programa Balanço Geral, da TV Record, o síndico contou que o morador cresceu no condomínio e sempre causou problemas.

Na maioria das vezes, eram casos de perturbação do sossego, que resultaram em notificações e multas ao longo do tempo.

No vídeo (assista acima), o síndico contou que o pedido de expulsão já estava sob responsabilidade da Justiça. Na sequência, ele pediu que a Justiça garanta que o homem não seja solto e que, caso seja, não volte ao condomínio.

A decisão judicial, divulgada após a entrevista, determinou que Fernandes não poderá retornar ao apartamento, sob pena de retirada forçada.

Leia também: Barulho no apartamento de cima: o que fazer?

Como agir em caso de perturbação do sossego?

Em caso de perturbação do sossego no condomínio, os moradores precisam fazer a denúncia o quanto antes para que a administração possa tomar providências.

A gestão, por sua vez, deve seguir algumas etapas para resolver a situação de maneira rápida e eficaz.

Tanto moradores quanto gestores precisam conhecer o regulamento interno do condomínio. Ele contém disposições sobre o horário de silêncio e as penalidades por perturbação do sossego.

Em casos graves de perturbação, como festas barulhentas fora de controle, que ameaçam a segurança ou ordem do condomínio, é preciso chamar a polícia para intervir.

Para detalhar como funciona a perturbação do sossego e quais medidas tomar, separei um vídeo especial:

Leia também: Síndico é acusado de agressão contra moradoras

Postado em  

August 1, 2024

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