Luxuoso “condomínio do tráfico” começa a ser demolido no RJ
O luxuoso “condomínio do tráfico”, construído no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, já começou a ser demolido. A ação marca um importante passo na luta contra o crime organizado na capital carioca.
A ação, liderada pela Secretaria Municipal de Ordem Pública em conjunto com a prefeitura, mostrou magnitude dos negócios ilícitos comandados pelo Comando Vermelho na região.
O trabalho também destacou os desafios enfrentados pelas autoridades para combater as estruturas ilegais em áreas de difícil acesso.
O “condomínio de luxo do tráfico” contava com apartamentos de alto padrão e valores extremamente acessíveis, provavelmente como forma de lavar dinheiro para a organização criminosa.
Além disso, o local também oferecia vista privilegiada para o complexo, para um campo de futebol e para uma área onde são realizadas festas e eventos.
O Condomínio Novo Horizonte, composto por 40 prédios, estava sendo erguido sem qualquer tipo de licença em uma área de 3.314 m², anteriormente vazia.
Nos últimos quatro anos, essa área foi transformada em um empreendimento milionário do tráfico. Ao todo, o condomínio contaria com mais de 300 casas e apartamentos novos.
Todos os prédios foram erguidos sem autorização da Prefeitura e nenhuma das obras possui responsável técnico.
“Esses prédios são frutos de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. São prédios sem licença e sem autorização e que segundo as investigações são frutos de lavagem de dinheiro dos criminosos”, afirmou o secretário Brenno Carnevalle, em entrevista ao g1.
Condomínio de luxo “completo”
Com imóveis de até seis pavimentos, o luxuoso condomínio do tráfico contava ainda com espaços comerciais planejados. Isso incluiria lojas, bares, uma fábrica de bolo, e até um centro comunitário destinado a eventos.
Embora a maioria das unidades estivesse ainda em fase de alvenaria e desocupadas, algumas já haviam sido vendidas por valores que variavam entre R$ 45 mil e R$ 80 mil.
O aluguel médio era de R$ 1,2 mil mensais, muito abaixo da realidade no Rio de Janeiro.
Durante a operação, os agentes se depararam com um quadriplex de luxo, equipado com acabamentos em mármore, uma piscina com cascata, e uma banheira de hidromassagem, exemplificando o alto padrão dos imóveis construídos pelo tráfico.
De acordo com a investigação, esse quadriplex seria destinado ao “síndico do condomínio”, que ficaria responsável pela gestão do empreendimento após a entrega.
A magnitude do empreendimento ilegal e o envolvimento de esquemas de lavagem de dinheiro mostram a sofisticação e ousadia das organizações criminosas na região.
As imagens feitas pelos agentes de segurança e divulgadas pela UOL impressionam:
Em outubro do ano passado, uma reportagem revelou a existência do condomínio no Parque União.
A reportagem expôs como a facção criminosa adotou táticas típicas da milícia, utilizando a especulação imobiliária para lavar dinheiro proveniente de suas atividades ilícitas.
A venda das casas recém-construídas no local servia como um mecanismo para movimentar e legalizar esse capital, ajudando a garantir a circulação e ocultação dos ganhos ilegais da facção.
A demolição dos prédios de luxo
A demolição de todos os prédios que faziam parte do condomínio não será uma tarefa simples. As retroescavadeiras, devido às dificuldades de acesso, não conseguiram chegar ao local.
Isso obrigará as equipes a realizarem a demolição manualmente.
Segundo engenheiros da prefeitura, o processo poderá levar mais tempo do que o inicialmente previsto. A ausência de apoio policial contínuo é um fator que pode atrasar ainda mais os trabalhos.
Estima-se que a destruição do empreendimento represente um prejuízo de cerca de R$ 30 milhões para o tráfico de drogas.
A operação ainda está em curso, e a expectativa é que a demolição prossiga nos próximos dias, à medida que a prefeitura e a polícia buscam formas de garantir a segurança dos agentes e a eficácia da ação.
Confira a reportagem do SBT e entenda a magnitude da obra:
Intimação para esclarecimentos
A força-tarefa foi mobilizada para cumprir 23 mandados de intimação, nos quais os indivíduos foram conduzidos à delegacia para prestar esclarecimentos.
A ação contou com apoio de agentes das polícias Civil e Militar, da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), do Ministério Público e do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
De acordo com as investigações, a comunidade é controlada pelo traficante Jorge Luís Moura Barbosa, conhecido como Alvarenga, que possui uma extensa ficha criminal. Ao todo, ele acumula 86 anotações e é citado em 175 inquéritos policiais.
Alvarenga desempenha um papel central nas decisões estratégicas do Comando Vermelho (CV), incluindo a expansão territorial através de invasões a áreas rivais e a exploração ilegal de atividades econômicas.
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