Falecimento no condomínio: Qual o papel da gestão?
Infelizmente, o falecimento de um morador ou funcionário é uma situação delicada que pode ocorrer em qualquer condomínio.
Embora seja um assunto difícil de tratar, é essencial que a gestão condominial saiba como lidar com esses eventos de forma adequada, garantindo tanto o respeito à família quanto o cumprimento das obrigações legais e administrativas.
Em casos de falecimento no condomínio, a postura da administração deve ser pautada pela sensibilidade e profissionalismo.
Situações como essas podem envolver desde a necessidade de perícia na unidade privada até a intervenção nas áreas comuns, dependendo das circunstâncias.
Inicialmente, os trâmites costumam ser assumidos pela família, sem envolvimento direto do condomínio.
No entanto, situações específicas podem exigir a atuação da gestão. Por exemplo, se um morador não for localizado e houver suspeitas (como odores ou a falta de contato), o síndico ou a administração deverá acionar a polícia para que as medidas legais sejam tomadas.
Nesse contexto, o papel da gestão é cooperar com as autoridades, fornecendo acesso à unidade e o suporte necessário.
Falecimento nas Áreas Comuns
Quando o falecimento ocorre nas áreas comuns do condomínio, a administração deve tomar algumas providências imediatas até a chegada das autoridades.
O primeiro passo é isolar a área, garantindo que ninguém se aproxime ou interfira na cena. A gestão também precisa garantir que todas as instruções das autoridades sejam seguidas.
Além disso, muitas vezes, a polícia ou outras autoridades podem solicitar imagens das câmeras de segurança do condomínio. É crucial que a liberação dessas imagens seja feita apenas mediante solicitação formal, resguardando a administração de possíveis problemas legais, como o vazamento indevido de informações.
Falecimento de Funcionário do Condomínio
Em casos de falecimento de um funcionário, além das ações mencionadas, a administração deve seguir alguns trâmites legais específicos.
Entre eles, é necessário verificar a apólice do seguro predial para saber se há cobertura de auxílio-funeral e outros benefícios.
Também será necessário proceder com a rescisão contratual e os processos relacionados ao INSS.
Esse é um momento em que o suporte de uma administradora de condomínios e de uma assessoria jurídica é fundamental, visto que o processo pode ser complexo e envolver diversas etapas legais.
Responsabilidades do Síndico
É importante ressaltar que o síndico ou gestor do condomínio não é o responsável legal pelos trâmites de falecimento.
Sua função é prestar o auxílio necessário em termos administrativos, como acionar as autoridades, isolar a área e fornecer imagens de segurança, quando solicitado.
A responsabilidade legal, como de costume, recai sobre os familiares.
Divulgação do Falecimento
Outro ponto sensível é a divulgação do falecimento de um morador ou funcionário.
A comunicação sobre o velório, enterro ou qualquer outro detalhe cabe exclusivamente à família.
Algumas preferem manter esses momentos privados, enquanto outras autorizam a divulgação.
Cabe à administração respeitar essa decisão e, se houver autorização, comunicar a coletividade.
Conclusão
Embora o falecimento seja uma situação difícil de lidar, a principal função da gestão condominial é fornecer suporte e auxílio de maneira sensata e respeitosa.
Saber acionar as autoridades, isolar áreas, cooperar com investigações e respeitar as vontades da família são ações essenciais que garantem que o condomínio cumpra seu papel sem ultrapassar suas responsabilidades.
O bom senso e o conhecimento das obrigações legais são as principais ferramentas para a gestão nesses casos.
Colaboração: Advogado Rodrigo Karpat, especialista em direito imobiliário e questões condominiais. Presidente da Comissão Especial de Direito Condominial no Conselho Federal da OAB e Presidente da Comissão de Direito Condominial da OAB/SP.
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